Pessoas que escolhem o celibato (padres, freiras, líderes religiosos, espiritualistas, etc.) podem acabar acumulando e retendo muita energia libidinal dentro de si, por conta da intensa repressão. No fundo, algumas dessas pessoas podem ter o anseio de buscar a satisfação sexual, mas de tanto reprimi-las, acabam acreditando que não existe mais nenhuma vontade. Se essa energia não for utilizada de alguma outra forma, poderá acarretar sérios problemas físicos e emocionais. Não é à toa que costumamos perceber nesses indivíduos um intenso afloramento da sua sexualidade, desde a puberdade, principalmente nos casos de famílias neuróticas.

A energia sexual nos seres humanos existe para ser usada, consumida e direcionada, de preferência, para algo produtivo, edificante e positivo. Essa energia nos dá um gás para realizarmos atividades que amamos bastante ou para enfrentar nossos desafios e termos coragem de superá-los. Quando escolhemos ficar na zona de conforto, acomodados, sedentários e sem disposição para manifestar nossos desejos, podemos acumular e reter essa energia dentro de nós. Energia presa é sinônimo de dores e doenças, pois significa que o nosso fluxo energético e os nossos chacras não estão fluindo como deveriam. Estamos dizendo que não queremos mais viver a vida, conhecer novos lugares e pessoas, aprender algo novo… ou seja, desistimos da vida e só estamos aguardando a nossa partida, na medida em que tentamos sobreviver a cada dia, sem alegria e amor.

Indivíduos que foram mal acolhidos na infância, ao invés de investirem libido no mundo externo, acabam direcionando essa libido para si mesmas devido à frustração de não terem sido correspondidas pelos seus cuidadores. Assim, a criança é obrigada a se amar porque ela não teve a experiência de ser amada. Quando a energia libidinal é intensificada durante a puberdade, acaba sentindo tesão e excitação sexual acima da normalidade pelo fato de não estar extravasando essa energia para fora do seu corpo. Quanto mais este jovem se mantiver isolado e focado em si, mais manifestará perturbações a nível físico, emocional, mental e espiritual. Em certos casos, essa condição levará à neurose obsessiva se afetar os pensamentos, à histeria, se afetar o corpo físico, e à mediunidade desequilibrada, se afetar os corpos espirituais.

A falta de atividade sexual nos adultos pode ser um gatilho para o desenvolvimento da neurose. Os impulsos sexuais estão demandando satisfação o tempo todo, e o indivíduo precisa satisfazê-los de alguma forma. O problema acontece quando ele não vai buscar prazer e realização no mundo externo, porque a sua libido está direcionada para seu mundo interior. Então, sua libido vai regredir para formas infantis já conhecidas de satisfação, já que há certeza que dessa forma obterá haverá satisfação. Se o indivíduo, por exemplo, ficou fixado na fase anal sádica dará origem à neurose obsessiva enquanto ele não permitir se satisfazer dessa forma. Daí, por conta dessa proibição, terá que se satisfazer de modo disfarçado de si mesmo, através dos sintomas. Note que os sintomas se manifestam justamente por conta de conflitos na ordem do pensamento.

Existem pessoas que conseguem sublimar seus impulsos sexuais indesejados mais do que outras. Talvez, por estarem mais conectadas com o mundo espiritual, canalizam ideias e inspirações, e conseguem aplicar no mundo físico. Através desse modo, satisfazem seus desejos, gastam sua energia libidinal e, portanto, não precisam adoecer. Agora, algumas pessoas que são muito materialistas podem ter mais dificuldade de encontrar e gostar de trabalhos artísticos, pelo fato de não terem certa abertura espiritual. Assim, só conseguem se defender pela via da repressão, da fuga, da submissão ou do enfrentamento reativo. Esse é o preço de retirar a sexualidade de suas vidas, e insistirem em aparentar a imagem de um ser bonzinho, limpinho e recatado.

Paula Teshima