Por Isso Que os Neuróticos Vivem Cansados

Você dorme oito horas, acorda cansado. Tira férias, volta exausto. Passa o fim de semana descansando e segunda-feira começa sem energia. Não é normal. Cansaço no final de um dia cheio faz sentido. Mas estar eternamente esgotado, sem disposição para nada, é sinal de que algo mais profundo está acontecendo.
A energia precisa circular. Ela entra, você usa, ela se renova. É um fluxo constante. Mas quando você trava — seja por medo, controle ou repressão —, esse fluxo para. A energia estagna. E aí começa o adoecimento. Não só físico, mas energético. Seus chacras desaceleram, seus corpos sutis ficam densos, e o corpo físico reflete isso: fraqueza, dores, doenças.
O neurótico vive exatamente assim. Ele não se permite sentir o que sente, querer o que quer, ser quem é. Porque dentro dele há uma voz feroz — o superego, a voz dos pais, das regras, do “certo e errado” — que o vigia o tempo todo. Então ele reprime. Empurra os desejos para o fundo. Segura os impulsos. Controla cada gesto, cada palavra, cada expressão.
E isso gasta uma energia absurda.
Imagine segurar uma porta fechada enquanto alguém do outro lado tenta abrir. Você precisa fazer força constante. Não pode relaxar. Não pode bobear. Porque se bobear, a porta abre e tudo o que você estava segurando vem à tona — na forma de sintomas, crises, explosões.
É por isso que o neurótico vive tenso. Ele não consegue relaxar de verdade. Não consegue descansar. Mesmo dormindo, a mente continua trabalhando, tentando manter tudo sob controle. Alguns até dormem demais, justamente porque só no sono conseguem algum alívio — quando a consciência desliga e os desejos finalmente podem se manifestar, nem que seja em sonhos.
O problema é que toda essa energia que deveria estar sendo usada para viver — trabalhar, criar, se divertir, se relacionar — está sendo gasta para reprimir. Para manter a máscara. Para parecer correto, certinho, perfeito. Para não decepcionar os pais internalizados que continuam cobrando, mesmo depois de adulto.
O neurótico não sabe disso conscientemente. Ele só sente o cansaço. E tenta resolver de mil formas: melhora a alimentação, faz exercícios, dorme mais, toma vitaminas. Mas nada funciona de verdade. Porque o buraco é mais embaixo. O problema não está no corpo físico — está na forma como ele se relaciona consigo mesmo.
Ele não se permite viver. Não se permite querer. Não se permite ser autêntico. Fica sempre se vigiando, se controlando, se policiando. E isso é exaustivo.
Por que ele faz isso? Porque tem medo. Medo de perder o amor dos pais. Medo de ser rejeitado. Medo de ser quem realmente é e descobrir que isso não é suficiente. Então prefere continuar sendo quem os outros esperam que ele seja. Mesmo que isso custe toda a sua energia vital.
O corpo físico reflete a mente. Se você está sempre cansado, pergunte-se: o que estou segurando? O que não me permito mostrar? Quem estou fingindo ser para agradar os outros? E por que isso importa tanto?
Porque, no fundo, tentar ser o que não é — para controlar o que os outros pensam de você — é uma ilusão. Você nunca vai controlar a opinião alheia. E gastar sua vida tentando é desperdiçar a única coisa que realmente importa: sua energia vital.
A chave para ter energia de verdade não está em dormir mais ou tomar suplementos. Está em parar de reprimir. Em se permitir ser espontâneo, autêntico, imperfeito. Em soltar o controle e deixar a vida fluir através de você. Em expressar o que sente, fazer o que deseja, mostrar quem você realmente é.
Sim, isso dá medo. Sim, alguém pode não gostar. Mas essa é a escolha: continuar vivendo com medo e sem energia, ou arriscar ser real e sentir-se vivo de novo. A escolha sempre é sua.
Paula Teshima




