A Psicose Como Desequilíbrio Kármico: Quando o Espiritual Avança Sem o Emocional

E se a psicose não fosse apenas um transtorno cerebral, mas uma consequência espiritual de vidas anteriores mal equilibradas? E se aquela pessoa que surta, que perde o contato com a realidade consensual, estivesse na verdade pagando o preço de ter desenvolvido faculdades espirituais sem ter curado suas feridas emocionais em encarnações passadas?

Imagine uma alma que, em vidas anteriores, dedicou-se intensamente à espiritualidade. Meditou por anos, desenvolveu clarividência, expandiu a consciência – mas ignorou completamente seus traumas, suas dores psicológicas, suas feridas relacionais. Ela avançou espiritualmente sem fazer o trabalho emocional de base. Construiu um arranha-céu sobre a areia movediça.

Essa alma reencarna. E traz consigo essas capacidades espirituais desenvolvidas. Só que agora, nesta vida, elas afloram sem estrutura psicológica para sustentá-las. É como ter uma antena parabólica potente captando mil sinais ao mesmo tempo, mas sem filtro, sem discernimento, sem ego organizado para processar tudo isso. O resultado? Aquilo que chamamos de psicose.

A pessoa vê coisas, ouve vozes, sente presenças – não necessariamente porque está “louca”, mas porque sua sensibilidade espiritual está ativa demais sem o contrapeso da estabilidade emocional. E pior: a energia espiritual elevada ilumina violentamente todos os traumas não resolvidos, trazendo-os à tona de forma avassaladora. É como jogar luz de LED em um porão cheio de lixo acumulado por décadas.

Agora, aqui está o detalhe crucial: onde essa alma reencarna faz toda diferença. Se nasce numa tribo indígena, por exemplo, cercada por xamãs que entendem de mundos invisíveis, crises espirituais, jornadas na floresta – ela tem uma chance. Os anciãos reconhecem que aquela “loucura” pode ser uma iniciação xamânica mal conduzida. Eles conhecem certos rituais, plantas, cantos que reequilibram. E a própria natureza, com seus ritmos orgânicos, pode ajudar a pessoa a se ancorar.

Mas se essa mesma alma nasce no meio urbano, numa família materialista, cercada por uma civilização que nega tudo que não seja mensurável – ela está perdida. Não há contexto para compreender o que acontece com ela. A medicina rotula como esquizofrenia, medica para suprimir os sintomas, e a pessoa vira refém de um sistema que trata a espiritualidade mal integrada como um defeito químico.

A psiquiatria tradicional trata a psicose como disfunção. O xamanismo, como crise de transformação. Quem está certo? Talvez ambos – dependendo da preparação da alma. Se há estrutura emocional, a abertura espiritual é êxtase. Se não há, é fragmentação.

O problema moderno é a cisão radical: ou você vive totalmente no material (cidade, razão, ciência) ou foge totalmente para o espiritual (floresta, intuição, misticismo). Mas a verdade está na integração. Você precisa dos dois. Precisa da natureza e da civilização, do espiritual e do psicológico, do transcendente e do humano.

Não adianta ser super evoluído espiritualmente se você não consegue pagar uma conta, manter um relacionamento, ou processar uma raiva sem surtar. E não adianta ser super funcional na sociedade se você está espiritualmente morto, desconectado de qualquer sentido mais profundo.

A cura – tanto da psicose quanto da fragmentação existencial moderna – passa por integrar opostos. Reconhecer que matéria e espírito não são inimigos, são complementares. Que você pode meditar e fazer terapia. Pode ir à floresta e voltar para cidade. Pode expandir a consciência e organizar o ego. Pode ser místico e funcional.

A psicose, talvez, seja o aviso mais dramático da alma: “Você não pode pular etapas. Cure suas feridas antes de abrir portais. Organize seu ego antes de transcendê-lo. Integre antes de desintegrar-se.”

Paula Teshima

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