Quando os Desejos Reprimidos Silenciam as Emoções

Quando a criança não recebe orientação ou apoio dos pais para lidar com os impulsos do Id — aquela parte da psique que contém os desejos instintivos e a energia vital — ela pode desenvolver medo desses próprios impulsos. Sem aprender a canalizá-los de forma saudável, a única estratégia que encontra é a repressão, empurrando para o inconsciente aquilo que sente e deseja, mas que percebe como perigoso ou proibido.
O problema é que o Id é a fonte essencial de vida, afetos e criatividade. Ao ser reprimido, o sujeito pode sentir um alívio momentâneo, mas isso vem acompanhado de uma limitação profunda: ele passa a se afastar de suas próprias emoções, da expressão espontânea de desejos e da capacidade de criar vínculos autênticos e profundos com outras pessoas.
Em termos psicanalíticos, a repressão funciona como um mecanismo de defesa do ego, que tenta proteger o indivíduo da ansiedade gerada pelo conflito entre o Id e o superego. No entanto, esse mecanismo também gera tensão interna, tornando difícil vivenciar sentimentos de forma plena. Com o tempo, essa dinâmica pode se manifestar como padrões de comportamento repetitivos, dificuldades emocionais e uma sensação persistente de desconexão consigo mesmo e com os outros.
A psicanálise propõe olhar para esses conteúdos reprimidos com atenção e acolhimento, permitindo que a energia do Id seja reconhecida, canalizada e integrada de forma saudável. Dessa forma, é possível restabelecer a ligação entre desejo, emoção e relacionamento, tornando a experiência emocional mais rica e autêntica.
Paula Teshima


