Por Isso Que os Neuróticos Vivem Cansados

Trabalhamos, estudamos, brincamos, jogamos, passeamos, conversamos… e podemos nos sentir cansados no final do dia. Mas, não é normal sentir-se cansado e esgotado o tempo todo. A todo momento estamos produzindo e canalizando energia do Universo. Para estarmos bem, nossa energia precisa estar em movimento e ser renovada, isto é, usar e repor constantemente. Se ficarmos parados por muito tempo, deixamos de usar nossa energia e, portanto, não receberemos uma dose nova. Corpo parado significa vida travada, comodismo, falta de novidades, falta de prazeres. A vida se torna limitada e repleta de sacrifícios em prol do outro. Não é à toa que a depressão possa se instalar, enxergando apenas os aspectos negativos e sombrios de si mesmo e do mundo.

Quando o indivíduo se sente logo cansado ou nem tem disposição para iniciar uma atividade, pode estar revelando algo oculto, algum desequilíbrio a nível energético, provavelmente, advindo da sua maneira de pensar, sentir e agir no seu dia a dia. Seus chacras e corpos sutis começam a funcionar num ritmo mais lento, restringindo o suprimento energético aos órgãos, tecidos, células, músculos, moléculas… Assim, o corpo físico vai se enfraquecendo, se tornando menos flexível e mais susceptível a dores e doenças.

O adoecimento mental neurótico, seguido pela depressão, pode ser uma das razões pela qual o sujeito se percebe fraco, cansado e desanimado. Na neurose, o indivíduo não permite realizar os impulsos e desejos do Id, pois vão contra as regras e morais de seu superego feroz. Então, reprime-os, e passa a adotar uma postura contida, inibida, medrosa. Essa repressão exige muita “força”, justamente para deixar seus desejos presos no inconsciente. Assim, o indivíduo faz, inconscientemente, um enorme esforço (energético) para mantê-los escondidos de si mesmo e dos outros. Consequentemente, ele não tem sintomas, nem sofre visivelmente. Porém, se ele bobear e relaxar um pouco, o recalcado retorna na forma de sintomas nada agradáveis. 

Note que é uma pessoa que não consegue relaxar, descansar ou sentir prazer. Vive, grande parte do seu tempo, preocupada consigo mesma, na forma de se expressar, falar, agir, se comportar. Em muitos casos, precisa se mostrar como uma pessoa correta, certinha, perfeita, boazinha… porque precisa seguir fielmente os ideais que seus pais lhe ensinaram. Então, gasta muita energia para ser quem não é, fazer o que não quer, se comportar de um jeito que não é natural e espontâneo. Alguns neuróticos podem se tornar pessoas muito sonolentas e dorminhocas, tanto por se sentirem exaustos rapidamente, quanto pela tentativa de satisfazerem seus desejos durante o sono, já que, neste momento, a mente consciente encontra-se desativada.

Ele escolhe, inconscientemente, manter seus desejos bem presos no inconsciente para evitar de fazer bobagens. Só que os impulsos do Id são bem fortes, insistentes e impulsivos, não deixando o indivíduo em paz. Infelizmente, ele acaba tomando uma decisão insensata – deixa de ter energia para trabalhar, estudar, se divertir, fazer algo útil e importante, a fim de usar toda sua potencialidade energética para manter seus desejos reprimidos. O indivíduo se sente cansado e não sabe por que. Pode buscar mil e uma formas de melhorar seus hábitos e rotinas, só que isso não é o suficiente. O buraco é mais embaixo. Algo que requer trabalho, investigação, tempo, paciência, dor, desilusão… e nem todos estão dispostos a passar por isso e, portanto, seus sintomas não irão desaparecer totalmente, não importa o que façam para anestesiá-los com fontes externas (vícios).

Por que o neurótico não se permite atender seus desejos? Justamente porque ele tem o ego muito frágil, sente muito medo da voz do seu superego feroz, representado pelos seus pais. Ao mesmo tempo que deseja melhorar sua vida e viver a realidade das suas fantasias, tem muito medo de perder a sua identidade.

O estado do corpo físico reflete o estado da mente. Pergunte-se: “O que não me permito viver? O que estou segurando dentro de mim e não permito mostrar para os outros? Por que não permito que os outros saibam quem eu sou de verdade?” Lembre-se: não importa o que os outros vão pensar sobre você, se vão julgar, criticar, reclamar… o que os outros fazem são problemas deles, e não seu. Tentar ser um camaleão, para agradar sempre os outros, é desgastante, é frustrante, é coisa de ego frágil, é ter o Complexo de Édipo mal resolvido. Além de ser uma forma de tentar controlar, sutilmente, o pensamento ou a atitude que você deseja que o outro sempre tenha sobre você.

A chave para se sentir sempre energizado, disposto e animado, consiste em expressar sua espontaneidade, criatividade, autenticidade, em todos os momentos. Ou seja, não ter medo de ser quem você é de verdade, com seus dons, qualidades e limitações. Manter o corpo em movimento, como através de exercícios físicos, limpeza da casa, passear com o cachorro, jogar bola… pode ajudar a liberar a tensão e relaxar um pouco. No entanto, enquanto não decidir olhar para suas questões mal resolvidas, continuará apegado ao mesmo jeito de viver, de se expressar e de enxergar a vida. Nada irá mudar se você não mudar primeiro. A escolha é sempre sua.

Paula Teshima

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