Por um lado, há aquela pessoa que não se sente merecedora de nada que recebe — presentes, elogios, agrados, sorteios, viagens luxuosas… ela rejeita-os na hora ou até aceita, mas não consegue desfrutá-los tranquilamente.
 
Por outro lado, há aquela pessoa que se acha super merecedora do bom e do melhor, acredita que deve ser sempre recompensada pelos seus esforços, que os outros devem sempre lhe agradar e elogiar, quer ser reconhecida e amparada nas dificuldades.
 
O que faz uma pessoa se sentir merecedora ou não?
 
Basicamente, isso tem origem lá no passado, na sua infância e pelo modo como seus pais lhe trataram.
 
No primeiro caso, provavelmente os pais eram muito autoritários e controladores, ou não tinham muitas condições financeiras, talvez tinham três, quatro ou cinco filhos para criar, e praticamente tudo o que a criança pedia eles a negavam. Diziam a ela que não tinham dinheiro para comprar tal coisa, quem você pensa que é, ou ficavam enrolando e nunca conseguia ter o que desejava. Só que a mente da criança é muito imatura para compreender essas coisas. O que ela entendia e incutia na sua cabecinha era que os pais não gostavam dela, por isso ela não merecia ter o que desejava. Isso pode ter se repetido várias e várias vezes durante a infância e juventude, criando a crença de não merecimento e que não pode receber nada vindo dos outros. Quando ela se torna adulta, sente uma grande dificuldade em receber qualquer coisa, se contenta com pouco, não sente necessidade de trocar algo velho ou comprar algo que irá melhorar sua vida e trazer conforto. Esse comportamento irá persistir até que ela decida investigar seu passado, compreenda o que aconteceu e dê um novo significado.
 
Já, no segundo caso, é uma situação totalmente oposta. Os pais, provavelmente eram muito abastados ou trabalhavam demais, não tinham muito tempo para cuidar dos filhos, muitas vezes, poderiam ter apenas um filho, mimando-o, enchendo de presentes e mimos a toda hora, sem mesmo ele pedir ou devido a alguma comemoração em especial. Recebia dos pais quase tudo o que a criança solicitava. Pode ser que às vezes a mãe recusava, mas ela não conseguia ser firme em dizer não, não, não… consequentemente, pela insistência, sempre conseguia o que desejava. A criança cresce com a sensação de que é amada, querida, valorizada, consegue tudo o que quer… ou seja, se sente muito merecedora de receber coisas dos outros, agradece, fica feliz, inclusive, pode até pensar que não é mais do que obrigação dos outros em lhe agradar, lhe presentear. O lado deficiente é que ela terá dificuldades em aceitar o ‘não’ dos outros, lidar com as frustrações e decepções, pois estas não foram exercitadas na juventude, podendo ficar revoltada com o mundo ou se sentir superior aos demais.
 
Podemos observar que há dois exemplos de duas pessoas vivendo nos extremos. Uma aceita tudo, cobra e exige, e a outra, nega, recusa e rejeita. O ideal é sempre o caminho do meio, o equilíbrio.
 
Quando vemos por aí adultos se comportando dessas maneiras, não devemos julgá-los, recriminá-los ou tentar mudá-los. Houve uma falha no comportamento dos pais perante os filhos, mas não devemos julgá-los, pois foi assim que os pais deles os ensinaram. Isso vem de geração em geração… até que os filhos “acordem” e tomem ciência de que tal atitude que recebeu dos pais foi errada, decidam aprender um novo modo de se comportar e passem tais valores aos seus descendentes. É assim que a humanidade vai, aos poucos, adquirindo hábitos mais saudáveis e conscientes.
 
Não culpe os seus pais… eles fizeram o melhor que podiam e sabiam no momento. Você que escolheu ser filho ou filha dos seus pais para que eles possam despertar esse sentimento de merecimento equivocado ou desequilibrado que há dentro de você. Nada é por acaso. Acredito que na maioria das pessoas mais velhas que vemos hoje, prevalece a primeira situação — o sentimento de não merecimento. Por que? Pelo fato de antigamente as pessoas terem mais filhos e terem uma vida mais precária.
 
Todos nós somos seres merecedores de tudo de bom que há neste Universo — amor, saúde, dinheiro, felicidade, abundância, harmonia, paz, bens materiais, presentes, luxo, pessoas agradáveis, conforto… eu mereço, você merece, todos merecem mais e mais… mas existe uma única pessoa que impede de termos isso — você mesmo! A sua mente com suas crenças limitantes te impedem de viver e desfrutar a vida dos seus sonhos. Não há ninguém lá fora te bloqueando e te limitando. É você com você mesmo. Transforme suas crenças limitantes em crenças fortalecedoras e se sentirá muito mais grato, feliz e merecedor.